EUGENIA: CIÊNCIA OU NÃO?
DOI:
https://doi.org/10.22407/2176-1477/2024.v15.2580Palavras-chave:
boletins, eugenia, Galton, hereditariedadeResumo
O objetivo deste trabalho foi analisar em que medida a Eugenia era descrita como Ciência, além de seus conceitos e teorizações. Neste estudo, apresentamos uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa a partir da revista Boletins da Eugenia, publicada de 1929 a 1933. Para esta análise, foi realizada uma busca textual em obras disponíveis em formato digital em PDF no acervo da Hemeroteca Digital Brasileira e na página eletrônica do GEPHE-UEM, selecionando a quantidade de produções por meio das palavras-chave sciencia e/ou ciência, no título ou no corpo do texto, que buscavam descrever a Eugenia como ciência, também chamada de Ciência de Galton. Nossos estudos revelaram que definir a Eugenia como Ciência no contexto atual, na perspectiva crítica-reflexiva, é uma compreensão equivocada do que se caracteriza como Ciência. Esse fato torna-se evidente quando percebemos que a Ciência não é algo isolado, mas um empreendimento coletivo inserido em diferentes contextos sociais e culturais mais amplos. Para este estudo, também destacamos a importância de diferenciar Ciência de outras formas de conhecimento e a necessidade de análises aprofundadas, seja dos critérios utilizados para a demarcação da Ciência, seja das condições sociais de produção de conhecimentos para, de fato, serem considerados científicos. Assim, pondera-se, principalmente, os contextos históricos e os conhecimentos prévios da época, pois naquele momento ela podia ser considerada como ciência, mas hoje, não.
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