EUGENIA: CIÊNCIA OU NÃO?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22407/2176-1477/2024.v15.2580

Palavras-chave:

boletins, eugenia, Galton, hereditariedade

Resumo

O objetivo deste trabalho foi analisar em que medida a Eugenia era descrita como Ciência, além de seus conceitos e teorizações. Neste estudo, apresentamos uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa a partir da revista Boletins da Eugenia, publicada de 1929 a 1933. Para esta análise, foi realizada uma busca textual em obras disponíveis em formato digital em PDF no acervo da Hemeroteca Digital Brasileira e na página eletrônica do GEPHE-UEM, selecionando a quantidade de produções por meio das palavras-chave sciencia e/ou ciência, no título ou no corpo do texto, que buscavam descrever a Eugenia como ciência, também chamada de Ciência de Galton. Nossos estudos revelaram que definir a Eugenia como Ciência no contexto atual, na perspectiva crítica-reflexiva, é uma compreensão equivocada do que se caracteriza como Ciência. Esse fato torna-se evidente quando percebemos que a Ciência não é algo isolado, mas um empreendimento coletivo inserido em diferentes contextos sociais e culturais mais amplos. Para este estudo, também destacamos a importância de diferenciar Ciência de outras formas de conhecimento e a necessidade de análises aprofundadas, seja dos critérios utilizados para a demarcação da Ciência, seja das condições sociais de produção de conhecimentos para, de fato, serem considerados científicos. Assim, pondera-se, principalmente, os contextos históricos e os conhecimentos prévios da época, pois naquele momento ela podia ser considerada como ciência, mas hoje, não.

Biografia do Autor

Mauritânia Lino de Oliveira, Universidade de Brasília

Doutoranda em Educação em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências da Universidade de Brasília - PPGEduC/UnB. Licenciada em Biologia pela Universidade Católica de Brasília (2001), com Especialização em Educação Ambiental (2007), com Especialização em Psicopedagogia (2011) e com Especialização em Educação na Diversidade e Cidadania (2014). Mestra em Ensino de Ciências pela Universidade de Brasília (2020) - PPGEC/UnB. Professora da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.

Gerson de Souza Mól, Universidade de Brasília

Bacharel e Licenciado em Química pela Universidade Federal de Viçosa, mestre em Química Analítica pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutor em Química pela Universidade de Brasília - UnB, com posdoc na Universidade de Aveiro - Portugal. Professor do Instituto de Química da UnB, orientador do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciência. Parecerista de revistas científicas. Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Ensino de Química - SBEnQ. Editor da Revista da SBEnQ. Um dos autores do livro didático Química Cidadã. Pesquisa e orienta em Educação Inclusiva no Ensino de Ciências.

Referências

BOLETIM DE EUGENÍA. Rio de Janeiro: Com. Centr. Bras. de Eugenia, 1929-1932.

CHALMERS, A. F. O que é ciência, afinal? São Paulo, Brasiliense, 1993.

DIWAN P. Raça pura: Uma História da Eugenia no Brasil e no mundo. São Paulo, 2015.

DIWAN, P. Como é possível a eugenia ainda estar presente no Brasil em pleno século XXI?. Capital Reumato, v. 21, p. 15-21, 2001.

DOMINGUES, O. Eugenia: seus propósitos, suas bases, seus meios em cinco lições. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1933.

JACKSON, J. P.; WEIDMAN, N. M. The Origins of Scientific Racism. The Journal of Blacks in Higher Education, n. 50, p. 66–79, 2005. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/25073379. Acesso em: 12 nov. 2022.

KEHL, R. A vitctoria da mediocridade. Boletim de Eugenia, ano 3, n. 28, abr. 1931.

KEHL, R. O nosso boletim. Boletim de Eugenia, v. 1, n. 1, jan. 1929.

KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1989.

KUHN, T. A função do dogma na investigação científica. In: CARRILHO, M. M. (org.). História e Prática das ciências. Lisboa: Biblioteca da Filosofia, 1979.

LACEY, H. O lugar da ciência no mundo dos valores e da experiência humana. Scientiae Studia, v. 7, n. 4, p. 681–701, dez. 2009.

LAKATOS, I., MUSGRAVE, A. (org.) A Crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Ed. Cultrix e Ed. da USP. 1979.

MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 13. ed. São Paulo. Atlas, 2018.

MÓL, G. S. Pesquisa Qualitativa em Ensino de Química. Revista Pesquisa Qualitativa, São Paulo, v. 5, n. 9, p. 495-513, dez. 2017.

MORAES, R.; GALIAZZI, M. C. Análise textual discursiva: processo construído de múltiplas faces. Ciências & Educação, v.12, n. 1, p. 117-128, 2006.

PIZA JUNIOR, S.de Toledo. Um programa para a Eugenia. Boletim de Eugenia, Rio de Janeiro, ano 5, n. 42, p. 16, abr./jun. 1933. Disponível em: http://www.cch.uem.br/grupos-de-pesquisas/gephe/documentos/boletim-de-eugenia-1. Acesso em: 12 nov. 2023.

POPPER, K. A Lógica da Descoberta Científica. São Paulo: Cultrix. 1972.

POPPER, K. Conjecturas e Refutações. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1982.

ROCHA, S. Eugenia no Brasil: análise do discurso “científico” no Boletim de Eugenia: 1929-1933. São Paulo, 2010. 112f. Tese (Doutorado em História da Ciência) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010. Disponível em: https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/13240/1/Simone%20Rocha.pdf. Acesso em: 8 ago. 2023.

SOUZA, Vanderlei Sebastião de. A Política Biológica Como Projeto: a “Eugenia Negativa” e a construção da nacionalidade na Trajetória de Renato Kehl (1917-1932). 2006. 220 f. Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) - Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2006.

STEPAN, N. L. (2005) A Hora da Eugenia: Raça, Gênero e Nação na América Latina. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2005.

Downloads

Publicado

2024-07-15

Como Citar

Oliveira, M. L. de O., & Mól, G. de S. (2024). EUGENIA: CIÊNCIA OU NÃO?. Revista Ciências & Ideias ISSN: 2176-1477, 15(1), e24152580. https://doi.org/10.22407/2176-1477/2024.v15.2580

Edição

Seção

Artigos Científicos