TÉCNICAS NUCLEADORAS COMO FERRAMENTAS PARA RESTAURAÇÃO AMBIENTAL E LETRAMENTO ECOLÓGICO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22407/2176-1477/2024.v15.2588

Palavras-chave:

Restauração Ecológica; Técnicas Nucleadoras; Conscientização Ambiental; Letramento Ecológico; Floresta Estacional Semidecidual.

Resumo

Os crescentes problemas ambientais e seus impactos negativos nos diversos ecossistemas tornam fundamentais ações de recuperação de áreas degradadas. Um dos aspectos indispensáveis para esta recuperação é o sentimento de pertencimento e dependência dos indivíduos nos ecossistemas naturais. Por esta razão, promover atividades que buscam a restauração de ecossistemas e ao mesmo tempo promovem a consciência ambiental é essencial. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi aplicar técnicas de nucleação visando a restauração de uma área degradada de floresta estacional semidecidual nas dependências do Parque Estadual Costa do Sol (PECS) e da Área de Proteção Ambiental do Pau-Brasil (APA do Pau-Brasil), fazendo destas intervenções ferramentas não-formais de ensino e conscientização ambiental. Neste relato, elencamos as ações empregadas e os desdobramentos que a utilização dessas estratégias no bioma em que a comunidade escolar está inserida pode trazer à educação, já que a relação entre o conteúdo e o cotidiano aproxima, justifica e favorece o saber científico e o letramento ecológico, facilitando o processo de ensino-aprendizagem, sensibilização e pensamento crítico dos envolvidos. As técnicas de nucleação empregadas apresentaram resultado positivo na restauração da vegetação nativa no período inicial de sete meses. A partir destes resultados, elencamos diversos temas de Biologia e Ecologia que podem ser utilizados durante as práticas de nucleação. Com o estabelecimento de núcleos ao longo do tempo, poderemos observar um gradiente do núcleo mais antigo (de maior porte) para o mais recente (de menor porte), visualizando a paisagem como se fosse um filme, o que contribuirá para sua proposta como ferramenta didática.

Biografia do Autor

Wilmar José Mendes, Instituto Federal Fluminense

Estudante do curso de graduação em Licenciatura em Biologia do Instituto Federal Campus Cabo Frio.

André Luiz dos Santos Fonseca, Instituto Federal Fluminense

Professor Dr. do Instituto Federal Fluminense Campus Cabo Frio

Murilo Minello, Instituto Federal do Rio de Janeiro Campus Arraial do Cabo

Professor Dr. do Instituto Federal do Rio de Janeiro Campus Arraial do Cabo

Referências

ARAÚJO, D. S. D. Cabo Frio Region. In: DAVIS, S. D.; Heywood, V. H.; Herrera-MacBryde, O.; Villa-Lobos, J.; Hamilton, A. C. (Eds.). Centres of plant diversity: a guide and strategy for their conservation. V. 3. Cambridge: IUCN Publications Unit, 1997. p. 373–375.

BARBIÉRI, E. Cabo Frio e Iguaba Grande: dois microclimas distintos a um curto intervalo espacial. In: LACERDA, L. D.; ARAUJO, D. S. D.; CERQUEIRA, R.; TURCQ, B. (Eds.). Restingas: origem, estruturas, processos. Niterói: CEUFF, 1984. p. 3-13.

BECHARA, F. C. Unidades demonstrativas de restauração ecológica através de técnicas nucleadoras: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado e Restinga. 2006. Tese (Doutorado em Recursos Florestais) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006.

BECHARA, F. C.; CAMPOS FILHO, E. M.; BARRETO K. D.; Gabriel, V. A.; ANTUNES, A. Z.; REIS, A. Unidades demonstrativas de restauração ecológica através de técnicas nucleadoras de biodiversidade. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, supl. 1, p. 9-11, 2007.

BECHARA, F. C.; SALVADOR, L. Z.; VENTURA, R. A.; TOPANOTTI, L. R.; GERBER, D.; CRUZ I. S.; SIMONELLI, M. Vegetation and seed bank ofan open-scrub bush restinga formation in the Southeastern coast of Brazil. Revista de Biologia Tropical, v. 68, n. 2, p. 541-550, 2020.

BERKOWITZ, A. R.; BREWER, C. A; FORD, M. E. A framework for integrating ecological literacy, civics literacy, and environmental citizenship in environmental education. In: JOHNSON, E. A; MAPPIN, M. J (Eds.). Environmental education and advocacy: changing perspectives of ecology and education. 1 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. p. 227-266.

BRASIL. Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Brasília, 2000.

BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

BOHRER, C. B. A.; DANTAS, H. G. R.; CRONEMBERGER, F. M.; VICENS, R. S.; ANDRADE, S. F. Mapeamento da vegetação e uso do solo no Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio. Rodriguésia, v. 60, n. 1, p. 1–24, 2009.

CARVALHO, D. A. D.; SÁ, C. F. C. D. Herb layer structure of an open scrub restinga in the Massambaba Environmental Protection Area, Rio de Janeiro, Brazil. Rodriguésia, v.62, n. 2, p. 367-378, 2011.

CHEDIACK, S.E.; BAQUEIRO, M. B. Extração e conservação do palmito. IN: GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. D. G (Org.). Mata Atlântica - Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica; Belo Horizonte: Conservação Internacional, 2005. p. 407-412.

COUTINHO, L. M. O conceito de bioma. Acta Botanica Brasilica, v. 20, n. 1, p. 13–23, 2006.

DA SILVA, J. B. S. Proposta metodológica de ensino sobre educação ambiental e restauração de ecossistemas. In: WENCESLAU, E. C. (Org.). Práticas em ensino, conservação e turismo no Brasil. V. 2. São José do Rio Preto: Reconecta Soluções, 2023. P. 130-138.

DAVIS, M.; SLOBODKIN, L. The Science and values of restoration ecology. Restoration Ecology, v. 12, n. 1, p. 1-3. 2004.

FANFA, M. S.; GUERRA, L.; TEIXEIRA, M. R. F. Educação não formal: a praia como um espaço para Educação Ambiental. Debates em Educação, v. 11, n. 24, p. 66–83, 2019.

GADOTTI, M. Pedagogia da terra: ecopedagogia e educação sustentável. In: TORRES, C. A. (Org.). Paulo Freire y la agenda de la educación latinoamericana em el siglo XXI.1ª ed. Buenos Aires: CLACSO, 2001. p. 81-132.

GOLFARI, L.; MOOSMAYER, H. Manual de reflorestamento do estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: BD-Rio, 1980.

GUIMARÃES, M. Educação ambiental: no consenso um embate? 3 ed. São Paulo: Papirus, 2005.

HOFFMESTER, S. G. S.; FERNANDES, S. S. L.; ASSUNÇÃO, M. A.; PADOVAN, M. P. Sistema agroflorestal biodiverso: restauração ecológica e educação ambiental. Revista GeoPantanal, v. 14, n. 26, p. 33-47, 2019.

INEA. Plano de Majejo Parque Estadual Costa do Sol (PECS). Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Rio de Janeiro, 2019.

LAYRARGUES, P. P. Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social. In: LOUREIRO, C. F. B.; LAYRARGUES, P. P.; CASTRO, R. C. (Orgs.). Pensamento complexo, dialética e educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2006. p. 72-103.

LERNER, F.; JERONYMO, C. A. L. Entre salinas, moradias e resort: conflitos de uso e cobertura da terra na Área de Proteção Ambiental de Massambaba, Rio de Janeiro, Brasil. Caderno de Geografia, v. 27, n. 50, p. 534–556, 2017.

LIMA, L. T. D. A paisagem costeira do Rio Grande do Sul: leitura e interpretação das propriedades fisionômicas do espaço como estratégia de planejamento e gestão do território. 2014. Dissertação (Mestrado em Gerenciamento Costeiro) - Universidade Federal do Rio Grande/FURG, Rio Grande, 2014.

LOUREIRO, C. F. B. Educação ambiental e participação popular. In: BOZELLI, R. L.; SANTOS, L. M. F.; LOPES, A. F.; LOUREIRO, C. F. B. (Orgs.). Curso de formação de educadores ambientais:a experiência do projeto Pólen. Macaé: NUPEM/UFRJ, 2010. p. 169-189.

MCBRIDE, B. B.; BREWER, C. A.; BERKOWITZ, A. R.; BORRIE, W. T. Environmental literacy, ecological literacy, ecoliteracy: What do we mean and how did we get here?. Ecosphere, v. 4, n. 5, p. 1-20, 2013.

MARCATTO, C. Educação Ambiental: conceitos e princípios. Belo Horizonte: FEAM, 2002.

MARTIN, P. Teacher qualification guidelines, ecological literacy and outdoor education. Journal of Outdoor and Environmental Education, v. 12, n.2, p. 32-38, 2008.

MARTINS, S. V.; MIRANDA NETO, A.; RIBEIRO, T. M. Uma abordagem sobre diversidade e técnicas de restauração ecológica. In: MARTINS, S. V. (Ed.). Restauração ecológica de ecossistemas degradados. Viçosa: Editora UFV, 2015. p. 17-4.

MEIRELLES, P. A. A.; VASCONCELOS, C. A. B.; NOVAES, A. M. P. Letramento na educação ambiental: um exemplo de sustentabilidade.Rio de Janeiro: UNISUAM, 2013.

MELO, M. R. Ensino de Ciências: uma participação ativa e cotidiana. Maceió: Net, 2000.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R.; MITTERMEIER, C.; FONSECA, G. A. B.; KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, p. 853-858, 2000.

ODUM, E. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.

OLIVEIRA M. A. M. de; OLIVEIRA, A. C.; ROSSI, L.; CATHARINO, E. L. M.; GOMES, E. P. C.; SANTOS JUNIOR, N. A. Dinâmica da regeneração natural em uma floresta baixa de restinga degradada. Hoehnea, v. 42, n. 4, p. 759–774, 2015.

ORR, D. W. Prólogo. In: STONE, M. K.; BARLOW, Z. (Orgs.). Alfabetização ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável. São Paulo: Cultrix, 2006.

PIMM, S. L.; RAVEN, P. Biodiversity: extinction by numbers. Nature, v. 403, n. 6772, p. 843–845, 2000.

REIS, A.; BECHARA, F.C.; ESPINDOLA, M.B.; VIEIRA, N.K.; LOPES, L. 2003. Restoration of damaged land areas: using nucleation to improve successional processes. Natureza & Conservação, v. 1, p. 85-92, 2003.

REIS, A.; BECHARA, F. C.; TRES, D. R.; TRENTIN, B. E. Nucleação: concepção biocêntrica para a restauração ecológica. Ciência Florestal, v. 24, n. 2, p. 509-519, 2014.

REIS, A.; TRES, D. R. Nucleação: integração das comunidades naturais com a paisagem. In: MAZZUCHELLI, R. (Coord.). Manejo ambiental e restauração de áreas degradadas. São Paulo: Fundação Cargill, 2007. p. 28-55.

REIS, A.; TRES, D. R.; SCARIOT, E. C. Restauração na Floresta Ombrófila Mista através da sucessão natural. Pesquisa Florestal Brasileira, v. 55, p. 67-73, 2007.

RELYEA, R.; RICKLEFS, R. A economia da natureza. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.

ROCHA, C.; BERGALLO, H.; VAN SLUYS, M.; ALVES, M.; JAMEL, C. The remnants of restinga habitats in the brazilian Atlantic Forest of Rio de Janeiro state, Brazil: habitat loss and risk of disappearance. Brazilian Journal of Biology, v. 67, n. 2, p. 263–273, 2007.

SALEME, F. Interpretação ambiental, aspectos biológicos e educacionais do Parque Estadual da Costa do Sol e da Área de Proteção Ambiental do Pau-Brasil nos limites do município de Cabo Frio – RJ. 2016. Dissertação (Mestrado em Profissional em Biodiversidade em Unidades de Conservação da Escola Nacional de Botânica Tropical) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de janeiro, 2016.

SASSERON, L. H.; CARVALHO, A. M. P. Alfabetização científica: uma revisão bibliográfica. Investigações em Ensino de Ciências, v. 16, n. 1, p. 59-77, 2011.

SATO, M.; PASSOS, L. A. Biorregionalismo: identidade histórica e caminhos para a cidadania. In: LOUREIRO, C. F. B.; LAYRARGUES, P. P.; CASTRO, R. S. (Orgs.). Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

SEARA FILHO, G. Educação ambiental: questões metodológicas. Revista Ambiente, v. 6, n. 1, p. 45-48, 1992.

SENICIATO, T.; CAVASSAN, O. Aulas de campo em ambientes naturais e aprendizagem em ciências: um estudo com alunos do ensino fundamental. Ciência & Educação, v. 10, n. 1, p. 133–147, 2004.

SER. Princípios da SER International sobre a restauração ecológica. Society for Ecological Restoration International, Grupo de Trabalho sobre Ciência e Política. 2004.

SILVA, A. T. R. da. Ecoformação: reflexões para uma pedagogia ambiental, a partir de Rousseau, Morin e Pineau. Desenvolvimento e Meio Ambiente n. 18, p. 95-104, 2008.

SILVEIRA, A. F.; SILVA, A. P. B.; RIBEIRO, F. A. A divulgação da ciência através do teatro: um estudo em Copenhague de Michael Frayn. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, VII.; 2009, Florianópolis. Anais do VII ENPEC. Florianópolis, UFSC, 2009.

SMA. Restauração ecológica: sistemas de nucleação. 1 ed. Secretaria do Meio Ambiente. Unidade de Coordenação do Projeto de Recuperação das Matas Ciliares. São Paulo: SMA. 2011.

SMIL, V. The earth's biosphere: evolution, dynamics, and change. Cambridge: MIT Press, 2003.

WANDERSEE, J. H.; SCHUSSLER, E. E. Toward a theory of plant blindness. Plant Science Bulletin, v.47, p. 2-9, 2002.

YARRANTON, G. A.; MORRISON, R. G. Spatial dynamics of a primary succession: nucleation. Journal of Ecology, v. 62, n. 2, p. 417–428, 1974.

ZILLER, S. R.; PINTO, L. P. Políticas, dificuldades e desafios para o controle e a erradicação de espécies exóticas invasoras em ações de restauração ambiental na Mata Atlântica, Brasil. Bioinvasiones, v. 6, p. 53-71, 2016.

Downloads

Publicado

2024-07-19

Como Citar

Mendes, W. J., Fonseca, A. L. dos S., & Minello, M. (2024). TÉCNICAS NUCLEADORAS COMO FERRAMENTAS PARA RESTAURAÇÃO AMBIENTAL E LETRAMENTO ECOLÓGICO. Revista Ciências & Ideias ISSN: 2176-1477, 15(1), e24152588. https://doi.org/10.22407/2176-1477/2024.v15.2588

Edição

Seção

Relato de Experiência