IMPRESSÕES SOBRE O CIENTISTA E O SUPERDOTADO POR ESTUDANTES SUPERDOTADOS
DOI:
https://doi.org/10.22407/2176-1477/2024.v15.2431Palavras-chave:
Superdotação, Altas Habilidades, Estereótipo, Cientista, CinemaResumo
O cinema estabelece empatia entre público e personagens, reforçando estereótipos. O objetivo deste trabalho foi analisar representações de cientistas e superdotados por estudantes em um curso para superdotados, frente à intervenção através de filmes. A pesquisa teve abordagem qualitativa efetuada através de estudo descritivo-analítico e os dados foram obtidos por pesquisa participante. Cada estudante desenhou um cientista e um superdotado, além de escrever 5 características associadas a cada um. Participaram 23 estudantes com idade entre 6 e 17 anos. Quanto ao cientista, destacaram-se as características cognitivas. Quanto ao superdotado, as características de natureza atitudinal e cognitiva ocorreram predominantemente. Os resultados ratificam o estereótipo do cientista como pessoa estudiosa, porém alienada da realidade. Quanto ao superdotado, observou-se a capacidade acima da média e o bullying. Além disso, observou-se o reforço do estereótipo da incapacidade de estabelecer interações sociais, além da associação entre superdotação e as ciências naturais. As imagens do cientista ratificam os estereótipos e evidenciam a sub-representação feminina. Observam-se itens que corroboram a ideia do cientista como profissional de química. As representações dos superdotados não sugerem infelicidade. Os resultados reforçam a necessidade de intervenções que contribuam para ressignificar o perfil do cientista bem como colaborar para a desconstrução de estereótipos do superdotado dentro dos diversos espaços e mesmo entre este grupo.
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). APA resolution on bullying among children and youth. Washington, DC: American Psychological Association, 2004.
ANTIPOFF, C. A.; CAMPOS, R. H. F. Superdotação e seus mitos. Revista Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 301-309, 2010.
ARAÚJO-JORGE, T. C. Ciência e Arte: caminhos para inovação e criatividade. In: ARAÚJO-JORGE, T. C. (org.). Ciência e Arte: encontros e sintonias. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2004. p. 22-46.
BARCA, L. As múltiplas imagens do cientista no cinema. Comunicação & Educação, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 31-39, 2005.
BAUER, H. H. Scientific literacy and the myth of the scientific method. Illinois: University of Illinois Press, 1992.
BAUER, M. W. ; GASKELL, G. ; ALLUM, N. C. Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento. In : BAUER, M. W. ; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis, Vozes, 2017.
BÉNONY, H.; VANDERELST, D.; CHAHRAOUI, K.; BÉNONY, C.; MARNIER, J. P. Lien entre dépression et estime de soi scolaire chez les enfants intellectuellement précoces. L'Encéphale. v. 33, n. 1, p. 11-20, 2007.
BERK, A.; ROCHA, M. B. Representações de gênero na atividade científica: uma análise em filmes de ficção cientifica. Dynamis, Blumenau, v. 27, n. 1, p. 137-158, 2021.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução CNS no. 510, de 07 de abril. Brasília, 2016.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução CNS no. 466, de 12 de dezembro. Brasília, 2012.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei nº 13.185, de 6 de novembro de 2015. Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 09 nov. 2015.
CHAMBERS, D. W. Stereotypic images of the scientist: The Draw-a-Scientist Test. Science Education. v. 67, n. 2, p. 255-265, 1983.
CLOUGH, M. P. Teaching and assessing the nature of science. The Science Teacher, v. 78, n. 6, p. 56, 2011.
CONDURÚ, M. T.; PEREIRA, J. A. R. Elaboração de Trabalhos Acadêmicos: Normas, Critérios e Procedimentos. 4a ed. Pará: EDUFPA, 2010.
CREASY, L. A. An examination of the relationship between gifted students’ self-image, gifted program model, years in the program, and academic achievement. Tese (Doutorado em Filosofia). Keiser University, 2012.
CSIKSZENTMIHALYI, M.; RATHUNDE, K.; WHALEN, S. Talented teenagers: The roots of success and failure. New York: Cambridge University Press, 1993.
CUNHA, M. B.; GIORDAN, M. A imagem da ciência no cinema. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 31, n.1, p. 9-17, 2009.
DALOSTO, M. M.; ALENCAR, E. M. L. S. Manifestações e Prevalência de Bullying entre Alunos com Altas Habilidades/Superdotação. Revista Brasileira Educação Especial, Bauru, v. 19, n. 3, p. 363-378, 2013.
FINSON; K. D. Drawing a scientist: what we do and do not know after fifty years of drawings. School Science and Mathematics. v. 102, n. 7, p. 335-345, 2002.
FOLEY-NICPON, M.; RICKELS, H.; ASSOULINE, S.; RICHARDS, A. Self-Esteem and Self-Concept Examination among Gifted Students with ADHD. Journal for the Education of the Gifted. v.35, n. 3, p. 220-240, 2012.
FREEMAN, J. Um estudo comparativo de 35 anos com crianças identificadas como superdotadas, não identificadas como superdotadas e com habilidades médias. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 27, n. 50, p. 563-581, 2014.
GAGNÉ, F. Giftedness and talent: Reexamining a reexamination of the definitions. Gifted Child Quarterly. v. 29, n. 3, p. 103-112, 1985.
GALLOWAY, B.; PORATH, M. Parent and teacher views of gifted children's social abilities. Roeper Review. v. 20, n. 2, p. 118-121, 1997.
GEORGE, S. A. Saturday Matinee Cautionary Tales: Science Fiction Vamps and Promethean Scientists. GEORGE, S. A. In: Gendering Science Fiction Films. New York: Palgrave Macmillan, 2013.
GONZALEZ-CABRERA, J.; TOURÓN, J.; ORTEGA-BARÓN, J.; MONTIEL, I.; MACHIMBARRENA, J. M. Are Gifted Students More Victimized than Nongifted Students? A Comparison in Prevalence and Relation to Psychological Variables in Early Adolescence. Journal of Early Adolescence. v. 0, n. 0, p. 1-20, 2022.
GONZÁLEZ-CABRERA, J.; TOURÓN, J.; MACHIMBARRENA, J. M.; LEÓN-MEJÍA, A.; GUTIÉRREZ-ORTEGA, M. Estudio exploratorio sobre acoso escolar en alumnado con altas capacidades: prevalencia y afectación psicológica. Revista de Educación. v. 386, p. 187-214, 2019.
HAYNES, R. D. Frankenstein: the scientist we love to hate. Public Understanding of Science. v. 4, n. 4, p. 435-444, 1995.
HUDSON, L. Arts and Sciences: the influence of stereotypes on language. Nature. v. 214, p. 968-969, 1967.
KANAHARA, S. A Review of the Definitions of Stereotype and a Proposal for a Progressional Model. Individual Differences Research. v. 4, n. 5, p. 306-321, 2006.
KOSMINSKY, L.; GIORDAN, M. Visões de ciências e sobre cientista entre estudantes de Ensino Médio. Química Nova na Escola, São Paulo, n. 15, p. 11-18, 2002.
LIPPMANN, W. Public Opinion. New York: The Free Press, 1922.
MARTINS, F. R.; MEIRELLES, R. M. S.; NOGUEIRA, S. R. A.; CARDOSO, Fernanda S. Impressões sobre o cientista e o superdotado por estudantes superdotados. Revista Tecné, Episteme y Didaxis, Bogotá, Número Extraordinário. p. 838-844, 2021.
NEWTON, L. D.; NEWTON, D. P. Primary children's conceptions of science and the scientist: is the impact of a National Curriculum breaking down the stereotype? International Journal of Science Education. v. 20, n. 9, p. 1137-1149, 1998.
NGUYEN, U.; RIEGLE-CRUMB, C. Who is a scientist? The relationship between counter-stereotypical beliefs about scientists and the STEM major intentions of Black and Latinx male and female students. International Journal of STEM Education. v. 8, n. 28, p. 1-18, 2021.
OLWEUS, D. Bullying at School: What We Know and What We Can Do. New York: Blackwell, 1993.
PRADO, R. M.; FLEITH, D. S.; GONÇALVES, F. C. O desenvolvimento do talento em uma perspectiva feminina. Psicologia, Ciência e Profissão. v. 31, n. 1, p. 134-145, 2011.
RECH, A. J. D.; FREITAS, S. N. Uma análise dos mitos que envolvem os alunos com altas habilidades: a realidade de uma escola de Santa Maria/RS. Revista Brasileira Educação Especial, Bauru, v. 11, n. 2, p. 295-314, 2005.
RENZULLI, J. S. O que é esta coisa chamada superdotação e como a desenvolvemos? Retrospectiva de vinte e cinco anos. Revista Educação, Marília, v. 52, n. 1, p. 75-131, 2004.
RENZULLI, J. S. The Three-Ring conception of giftedness. A developmental model for promoting creative productivity. In: STERNBERG, R. J.; DAVIDSON, J. E. (org.). Conceptions of giftedness. New York: Cambridge University Press, 2005.
RENZULLI, J. S. The three-ring conception of giftedness: A developmental model for creative productivity. In: RENZULLI, J. S.; REIS, S. M. (orgs.). The triad reader. Mansfield Center, CT: Creative Learning Press, 1986.
RENZULLI, J. S. What makes giftedness? Reexamining a definition. Phi Delta Kappan. v. 60, n. 3, p. 180-184, 1978.
RODARI, P. Science and scientists in the drawings of European children. Journal of Science Communication. v. 6, n. 3, p. 1-12, 2007.
SMOLINA, T. L. Research methods for measuring stereotypes in social psychology: individual and collective approaches. Социосфера, n. 3, p. 86-93, 2017.
SOARES, G.; SCALFI, G. Adolescentes e o imaginário sobre cientistas: análise do teste "Desenhe um cientista" (DAST) aplicado com alunos do 2º ano do Ensino Médio. In: Anais do Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología, Innovación y Educación, Buenos Aires, Argentina, 2014.
THOMSON, M. M.; ZAKARIA, Z.; RADUT-TACIU, R. Perceptions of scientists and stereotypes through the eyes of young school children. Education Research International, v. 3, p. 1-13, 2019.
VAUGHN, L. M.; JACQUEZ, F. Participatory Research Methods: Choice Points in the Research Process. Journal of Participatory Research Methods. v. 1, n. 1, 2020.
WINNER, E. Crianças superdotadas: Mitos e realidades. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
ZANON, D. A. V.; MACHADO, A. T. A visão do cotidiano de um cientista retratada por estudantes iniciantes de licenciatura em química. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p. 46-56, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Felipe Rodrigues Martins, Fernanda Serpa Cardoso, Rosane Moreira Silva de Meirelles
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O autor responsável pela submissão representa todos os autores do artigo, e se compromete a enviar como documento suplementar uma carta de consentimento com a assinatura de todos os autores informando que tem a permissão para a submissão do texto assim como assegura que não há violação de direitos autorais e nem qualquer tipo de plágio (incluindo autoplágio).