AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO QUALITATIVA DE BIOFILME POR ESCHERICHIA COLI PROVENIENTES DE SALADAS PRONTAS PARA CONSUMO COMERCIALIZADAS NO BAIRRO DA TIJUCA, RIO DE JANEIRO
Resumo
Diversos restaurantes situados no Rio de Janeiro possuem o serviço de self-service, onde oferecem uma grande variedade de saladas cruas e cozidas. Sabe-se, no entanto, que a má higienização dos vegetais utilizados nas saladas, das superfícies de preparo ou dos utensílios de cozinha permite com que micro-organismos, muitas vezes patogênicos, fiquem aderidos aos resíduos presentes e desenvolvam biofilmes, perpetuando a contaminação e podendo gerar problemas de saúde ao consumidor. Escherichia coli é um patógeno clássico, causador de doenças transmitidas por alimentos e comumente encontrada em folhas verdes e vegetais frescos prontos para consumo. Este estudo teve por objetivo o isolamento de estirpes de E. coli a partir de saladas cruas e cozidas prontas para consumo, servidas em diferentes estabelecimentos do bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, e a avaliação qualitativa da produção de biofilme pelos isolados. Dez amostras de saladas foram analisadas e sete apresentaram contagens de E. coli superiores ao limite máximo permitido pela legislação para alimentos preparados prontos para o consumo contendo exclusivamente produtos de origem vegetal. Apenas 2 amostras não apresentaram contagens. Dos 11 isolados de E. coli detectados, dentre aqueles selecionados para as análises, 10 (90,9%) foram produtores de biofilme. Assim como outras bactérias patogênicas, a presença de E. coli, em produtos prontos para o consumo têm um papel fundamental no surgimento de surtos de origem alimentar. Devido à produção de biofilme, a permanência nos vegetais e em superfícies de preparo, consttui uma importante etapa no processo de colonização e, consequenmtente, transmissão desses micro-organismos para os consumidores.
Referências
Adator, E. H.; Cheng, M.; Holley, R.; McAllister, T.; Narvaez-Bravo, C. (2018). Ability of Shiga toxigenic Escherichia coli to survive within dry-surface biofilms and transfer to fresh lettuce. International Journal of Food Microbiology, 269: 52-59.
Bezerra, A. A.; de Souza, E. N.; de Souza Pereira, H. G.; Sá-Silva, C. (2020). Análise microbiológica de alfaces em saladas cruas comercializadas em restaurantes comerciais da cidade de Petrolina, Pernambuco, Brasil. Brazilian Journal of Development, 6 (12): 100252-100265.
Beltrão, J. C. (2019). Avaliação da qualidade microbiológica de saladas de hortaliças cruas prontas ao consumo e identificação do perfil de resistência a antibióticos das enterobactérias isoladas. Dissertação de Mestrado. Programa de Ciências Aplicadas a Produtos Para Saúde, Universidade Federal Fluminense.
Brasil (2022). Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância. Instrução Normativa nº 161, de 1 de julho de 2022. Estabelece os padrões microbiológicos dos alimentos. Diário Oficial da União, nº 126, de 6 de julho de 2022.
Carrascosa, C.; Raheem, D.; Ramos, F.; Saraiva, A.; & Raposo, A. (2021). Microbial biofilms in the food industry - A comprehensive review. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18 (4): 2014.
Castro-Ibáñez, I.; Gil, M. I.; & Allende, A. (2017). Ready-to-eat vegetables: Current problems and potential solutions to reduce microbial risk in the production chain. LWT-Food Science and Technology, 85: 284-292.
Castro-Rosas, J.; Cerna-Cortés, J. F.; Méndez-Reyes, E.; Lopez-Hernandez, D.; Gómez-Aldapa, C. A.; Estrada-Garcia, T. (2012). Presence of faecal coliforms, Escherichia coli and diarrheagenic E. coli pathotypes in ready-to-eat salads, from an area where crops are irrigated with untreated sewage water. International Journal of Food Microbiology, 156 (2): 176-180.
Center for Disease Control and Prevention - CDC (2022). Reports of selected E. coli outbreak investigations. Disponível em: https://www.cdc.gov/ecoli/outbreaks.html. Acesso em 17 de julho de 2022.
Freeman, D. J.; Falkiner, F. R. & Keane, C. T. (1989). New method for detecting slime production by coagulase negative staphylococci. Journal of Clinical Pathology, 42: 872-847.
Frias, D. F. R.; Pinheiro, R. S. B.; Américo-Pinheiro, J. H. P.; Buosi, A. L. B. (2020). Variação espaço-temporal da concentração de Escherichia coli em águas superficiais e a saúde pública. Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, 8 (60): 77-86.
Galie, S.; García-Gutiérrez, C.; Miguélez, E. M.; Villar, C. J.; Lombó, F. (2018). Biofilms in the food industry: health aspects and control methods. Frontiers in Microbiology, 9: 898.
International Organization for Standardization (ISO) - ISO 16649-2: Microbiology of food and animal feeding stuffs: horizontal method for the enumeration of b-glucuronidase-positive Escherichia coli - Part 2: Colony-count technique at 44 °C using 5-bromo-4-chloro-3-indolyl-D-glucuronide. Geneva: International Organization for Standardization; 2001.
Luna-Guevara, J. J., Arenas-Hernandez, M. M., Martínez de la Peña, C., Silva, J. L., & Luna-Guevara, M. L. (2019). The role of pathogenic E. coli in fresh vegetables: Behavior, contamination factors, and preventive measures. International Journal of Microbiology, 2019: 2894328.
Mäde, D.; Geuthner, AC.; Imming, R.; Wicke, A, (2017). Detection and isolation of Shiga-Toxin producing Escherichia coli in flour in Germany between 2014 and 2017. Journal of Consumer Protection and Food Safety, 12: 245–253.
Nesse, L. L.; Sekse, C.; Berg, K.; Johannesen, K. C.; Solheim, H.; Vestby, L. K.; Urdahl, A. M. (2014). Potentially pathogenic Escherichia coli can form a biofilm under conditions relevant to the food production chain. Applied and Environmental Microbiology, 80 (7): 2042-2049.
Özdemir, F.; Arslan, S. (2021). Molecular Characterization and biofilm formation of Escherichia coli from vegetables. Sakarya University Journal of Science, 25(1): 12-21.
Rebello, R. C. D. L. (2020). Efeitos da produção de biofilme e da interação com Acanthamoeba castellanii na virulência de Escherichia coli produtora de toxina Shiga (STEC). Tese de Doutorado. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Souza, G. S. F.; Souza, V. K. S.; Silva, E. C. A.; Cordeiro, S. A.; de Oliveira, J. C. S.; da Silva, E. C. A.; ... Martins, A. C. S. (2018). Características gerais de doenças transmitidas por alimentos (DTA). International Journal of Nutrology, v. 11(S 01), Trab229.
Srey, S.; Jahid, I. K.; Ha, S. D. (2013). Biofilm formation in food industries: a food safety concern. Food control, 31 (2): 572-585.
Taban, B. M.; Halkman, A. K. (2011). Do leafy green vegetables and their ready-to-eat [RTE] salads carry a risk of foodborne pathogens? Anaerobe, 17 (6): 286-287.
Van Houdt, R.; Michiels, C. W. (2010). Biofilm formation and the food industry, a focus on the bacterial outer surface. Journal of applied microbiology, 109 (4): 1117-1131.
Waturangi, D.E.; Hudiono, F. Aliwarga, E. (2019). Prevalence of pathogenic Escherichia coli from salad vegetable and fruits sold in Jakarta. BMC Research Notes, 12: 247.
Wei, X.; Wu, Q.; Feng, Y.; Chen, M.; Zhang, S.; Chen, M.; ... Li, Y. (2020). Off-on fluorogenic substrate harnessing ESIPT and AIE features for in situ and long-term tracking of β-glucuronidase in Escherichia coli. Sensors and Actuators B: Chemical, 304: 127242.