RELEVÂNCIA DO PRAZO DE VALIDADE COMERCIAL E SEGURANÇA MICROBIOLÓGICA DE PRESUNTO FATIADO E REFRIGERADO NO PONTO DE VENDA

Autores

  • Vanessa Tavares de Souza
  • Aline dos Santos Garcia-Gomes

Resumo

O presunto é o produto suíno mais consumido no Brasil. Erros na cadeia produtiva, fazem dele, um potencial carreador de micro-organismos. As características intrínsecas do presunto, como teor de proteína, atividade de água e pH, associadas às condições insatisfatórias na etapa de manipulação e no armazenamento, podem torná-lo um veículo de patógenos causadores de doenças de origem alimentar. Ao ser fatiado o presunto tem maior contato com o oxigênio, pelo aumento da superfície de contato com o meio externo, com isso as chances de contaminação por bactérias aeróbias são maiores, afetando diretamente a segurança do mesmo, bem como seu prazo de validade comercial. Neste trabalho alertamos para a falta de legislação de prazos de validade para presuntos fatiados no ponto de venda, uma vez que a intensa manipulação desse produto aumenta seu potencial como alimento veiculador de doenças transmitidas por alimentos. Traçamos também uma relação com a RDC 331/2019. Por fim exaltamos a importância de inspeções constantes nos pontos de venda, garantindo a segurança microbiológica desses alimentos aos seus consumidores.

Referências

ABIPECS.(2020) Fãs da linguiça e ranking doméstico. Disponível em: www.abipecs.org.br/news/206/134/Fas-da-Linguica-eRanking-Domestico.html.

ABPA. Relatório Anual.(2019). Disponível em <http://cleandrodias.com.br/wp-content/uploads/2019/05/RELATO%C3%ACRIO-ANUAL-ABPA-2019.pdf>/>.

Andrade, J. M.; Moura F.M.L.; Silva T.M.S.S.; Medeiros E.S.(2019) Listeria monocytogenes in ham sliced in supermarkets in Recife city, Pernambuco state Arq. Inst. Biol., v.86, 1-4, e0652018.

Bittencourt, G.M., Saltore, C.V., Freire, M.T.A., Oliveira, A.L. (2020). Prazo de validade de alimentos industrializados. Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos. Universidade de São Paulo. 68 p.

Bobbio, P. A. & Bobbio, F.(2001). Química do processamento de alimentos. 3. ed. São Paulo: Varela.

Brasil.(2000). Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa n. 20, de 31 de julho de 2000. Regulamento técnico de identidade e qualidade de presunto. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 03 ago. p.7.

Cole M., Jones M. & Holyoak C.(1990). The effect of pH, salt concentration and temperature on the survival and growth of Listeria monocytogenes. J Appl Bacteriol; 69:63–72.

Fai, A. E. C.; Figueiredo, E.A.T.; Verdin, S.E.F.; Pinheiro, N.M.S.; Braga, A.R.C.; Stamford, T.L.M. (2011). Salmonella sp e Listeria monocytogenes em presunto suíno comercializado em supermercados de Fortaleza (CE, Brasil): fator de risco para a saúde pública. Ciência & Saúde Coletiva, 16 (2):657-662.

Figueiredo, A. C. L.(2015). Listeria monocytogenes em produtos cárneos fatiados prontos para consumo e ação de antimicrobianos no controle da contaminação. 77f. Dissertation (Master’s degree in Food Science) – Universidade Federal da Bahia, Salvador.

Forsythe, S. J.(2013). Microbiologia da segurança dos alimentos. 2.ed. Porto Alegre: Artmed. 602 p.

Franco, B. D. G. M. & Landgraf, M.(2002). Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu.

Germano, P. M. L. & Germano, M. I. S.(2008). Hygiene and sanitary surveillance of food. 3 ed. São Paulo: Manole. 1088 p.

Hellström, S.; Laukkanen R.; Siekkinen K.M.; Ranta J.; Maijala R.; Korkeala H.(2010). Listeria monocytogenes contamination in pork can originate from farms. Journal of Food Protection, 73, 641–648.

Hennekinne, J. A.; Buyser M.L.; Dragacci S.(2011). Staphylococcus aureus and its food poisoning toxins: characterization and outbreak investigation. FEMS Microbiology Reviews. 36:815-836.

Iacumin, L.; Manzano, M. & Giuseppe Comi, G.(2016) Phage Inactivation of Listeria monocytogenes on San Daniele Dry-Cured Ham and Elimination of Biofilms from Equipment and Working Environments. Microorganisms, 4(1): 1-12.

CDC.(2018) Investigation Notice. Outbreak of Listeria Infections Linked to Deli Ham (Final Update). Disponível em <https://www.cdc.gov/listeria/outbreaks/countryham-10-18/index.html> .

Jay, J. M.(2005). Microbiologia de alimentos. 6. ed. Porto Alegre: Artmed. 712 p.

Jo, C. Lee N.Y.; Kang H.; Hong S.; Kim Y.; Kim H.J; Byum M.W.(2005) Radiosensitivity of pathogens in inoculated prepared food of animal origin. Food Microbiology. 22:329-336.

Labuza, T. P.; Sam Saguy, I.; Taoukis P. S.(1997). Kinetics of food deterioration and shelf-life prediction. In: VALENTAS, K. J.; PAUL SINGH, R.; ROTSTEIN E. (Ed.). Handbook of food engineering practice. Boca Raton: CRC Press. cap. 9.

Leong, D. Leong, D.; Nicaogáin, K.; Luque-Sastre, L.; Mcmanamon, O.; Hunt, K.; Alvarez-Ordóñez, A.; Scollard, J.; Schmalenberger, A.; Fanning, S.; O’Byrne, C.; Jordan, K.(2017). A 3-year multi-food study of the presence and persistence of Listeria monocytogenes in 54 small food businesses in Ireland. International Journal of Food Microbiology, Low Countries, 249:18-26.

Liu, H; Lu, L.; Pan, Y.; Sun, X.; Hwang, C. Zhao, Y.; Wu, V.(2015) Rapid detection and differentiation of Listeria monocytogenes and Listeria species in deli meats by a new multiplex PCR method. Food Control, 52:78-84.

Luo, L. Zhang, Z.; wang, H.; wang, P.; Lan, R.; Deng, J.; Miao, Y; Wang, Y. Wang, Y.; Xu, J.; Zhang, L.; Sun, S.; Liu, X.; Zhou, Y.; Chen, X.; Li, Q., Ye, C. (2017). A 12-month longitudinal study of Listeria monocytogenes contamination and persistence in pork retail markets in China. Food Control, 76:66-73.

Maia, D.S.V. Haubert L .; Würfel S.F.R .; Kroning I.S.; Cardoso M.R.I.; Lopes G.V.; Fiorentini A.M.; Silva W.P. Listeria monocytogenes in sliced cheese and ham from retail markets in southern Brazil. FEMS Microbiology Letters, 366(22), November 2019.

Martins, E. A. & Germano, P. M. L.(2011). Listeria monocytogenes in ready-to-eat, sliced, cooked ham and salami products, marketed in the city of São Paulo, Brazil: Occurrence, quantification, and serotyping. Food Control, 22(2): 297-302.

Mehrabian, S. & Jaberi, E.(2007). Isolation, identification and antimicrobial resistence patterns of Salmonella from meat products in Tehran. Pakistan Journal of Biological Sciences. v.10, p. 122-126.

Mottin, V. D. ;Fish, E.; Murmann, L.; Cardoso, M. I. et al.(2006) Pesquisa de Listeria monocytogenes e Salmonella sp. em embutidos de carne suína cozidos e fatiados comercializados em supermercados do município de Porto Alegre, RS. Revista Higiene Alimentar. v.21, p.191-192.

Olaimat, A.M. Olaimat, A, Al ‐ Holy, MA, Shahbaz, HM, Al ‐ Nabulsi, AA, Abu Ghoush, MH, Osaili, TM, Holley, R. A.(2011). Emergence of Antibiotic Resistance in Listeria monocytogenes Isolated from Food Products: A Comprehensive Review. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, 17:1277:1292.

Ordoñez J.A. (2005) Tecnologia de alimentos. v.2 Porto Alegre: Artmed. 280p.

Ortelan, C.B. (2017). Crescimento do setor sunicola é pautado na diversificação. Anuário 2017 da Revista Suinocultura Industrial. Edição 273, p. 26-29. Disponível em <https://www.flipsnack.com/gessulliagribusiness/anuario-2017-da-revista-suinocultura-industrial-ed-273.html?b=1&p=26>

Pardi, M.C.; Santos, I.F.; Souza, E.F.; Pardi, H.S.(2001) Ciência, Higiene e Tecnologia da Carne. 2. Ed. Goiânia: UFG. v. 1. 636p.

Prencipe, VA., Rizzi ,V., Acciari, V., Iannetti, L., Giovannini, A., Serraino, A., Rossi, A., Morelli, D., Marino, L., Migliorati, G., Caporale, V.(2012) Listeria monocytogenes prevalence, contamination levels and strains characterization throughout the Parma ham processing chain. Food Control, 25:150–158.

Ourphn, Public Health Notice – Listeria. (2019). Disponível em <https://www.ourphn.org.au/public-health-notice-listeria/>

Salvatori, R. U., Bessa, M.C.; Cardoso, M.R.I. (2003) Qualidade sanitária de embutidos coletados no mercado público central de Porto Alegre-RS. Ciência rural. 33 (4): 771-773.

São Paulo.(2013)Centro de Vigilância Sanitária. Portaria CVS 5 de 09 de abril de 2013. Regulamento técnico sobre boas práticas para estabelecimentos comerciais de alimentos e para serviços de alimentação. Diário Oficial [do] Estado de São Paulo, São Paulo, SP, 19 de abril de 2013. Seção 1, p. 32-35.

Serio, J.; Muniz C. R.; Freitas C.A.S.; Lima J.R.; Souza Neto J.A.(2009) Avaliação microbiológica e microscópica de presuntos fatiados refrigerados. Alim. Nutr., v.20, p. 135-139.

Souza, C. M. O. C. S.(2015) Rotulagem de alimentos fatiados no local e validade de produtos abertos. Disponível em http://alimentacaolegal.com/rotulagem-xvalidade.html.

Suinocultura Industrial.(2017) A suinocultura brasileira e as tendências mundiais. Disponível em: https://www.suinoculturaindustrial.com.br/imprensa/a-suinocultura-brasileira-e-as-tendencias-mundiais/20170830-163118-c046.

Toldrá.(2004). Dry-cured ham meat products. New York: Wiley-Blackwell. 243p.

Walker SJ, Archer P & Banks JG.(1990). Growth of Listeria monocytogenes at refrigeration temperatures. J Appl Bacteriol. 68:157–162.

Wang, X; Uyttendaele, M.; Geeraerd, A.; Steen, L.; Fraeye, I.; Devlieghere, F..(2016) Thermal inactivation kinetics of surface contaminating Listeria monocytogenes on vacuum-packaged agar surface and ready-to-eat sliced ham and sausage. Food Research International, 89(1): 843-849.

Wu, S., Wu Q., Zhang J., Chen M., Yan Z., Hu H.(2015). Listeria monocytogenes Prevalence and Characteristics in Retail Raw Foods in China. Plos One, 10(8):e0136682.

Downloads

Publicado

2020-10-17

Edição

Seção

Microbiologia de Alimentos