NÃO SE NASCE CIENTISTA, TORNA-SE: REFLEXÕES SOBRE A PERFORMATIVIDADE DE GÊNERO ASSOCIADA AO ENSINO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE

Autores

  • Lohrene de Lima da Silva
  • Marcos André Ferreira de Araujo Santos
  • Viviane Gomes Teixeira
  • Joaquim Fernando Mendes da Silva

DOI:

https://doi.org/10.22407/2176-1477/2021.v12i3.1897

Resumo

Ao se eximir das questões sociais, a Ciência e o Ensino de Ciências impõem e derivam relações de poder de gênero. Fazendo uso do conceito de gênero como performativo para a problematização da masculinização da ciência, propomos neste artigo o currículo com enfoque em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) como problematizador, questionador e desconstrutor dessa realidade por meio de discursos subversivos dos estereótipos de gênero.

Referências

ARCHER, Louise. Race, masculinity and schooling: Muslim boys and education. Maidenhead: Open University Press, 2003.

ARCHER, Louise; DAWSON, Emily; SEAKINS, Amy. et al. “I’m Being a Man Here”: Urban Boys’ Performances of Masculinity and Engagement With Science During a Science Museum Visit, Journal of the Learning Sciences, v. 25, n. 3, p. 438-485, 2016.

ARCHER, Louise; DeWITT, Jennifer; WILLIS, Beatrice. Adolescent Boys’ Science Aspirations: Masculinity, Capital, and Power. Journal of Research in Science Teaching, v. 51, n. 1, p. 1-30, 2014.

ARCHER, Louise; NOMIKOU, Effrosyni; MAU, Ada. et al. Can the subaltern ‘speak’ science? An intersectional analysis of performances of ‘talking science through muscular intellect’ by ‘subaltern’ students in UK urban secondary science classrooms. Cultural Studies of Science Education, v. 14, p. 723-751, 2019.

ARENDT, Hannah. A condição humana. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. 11ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A Reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

BRUGGER, Walter. Dicionário de filosofia. 3ª ed. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária Ltda, 1977.

BUTLER, Judith. Actos performativos e constituição de género: Um ensaio sobre fenomenologia e teoria feminista. In: MACEDO, Ana Gabriela; RAYNER, Francesca (Org.). Gênero, cultura visual e performance: Antologia crítica. Minho: Universidade do Minho/Húmus, 2011.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

BYBEE, Rodger W. Science education and the science-technology-society (STS) theme. Science Education, v. 71, n. 5, p. 667-683, 1987.

CÉSAR, Maria Rita. Gênero, sexualidade e educação: notas para uma "Epistemologia", Educar em revista, Curitiba, n. 35, p. 37-51, 2009.

CHASSOT, Attico. A ciência é masculina? É, sim senhora! 6ª ed. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2013.

CONNELL, Raewyn. Masculinities. 2ª ed. Berkeley: University of California Press, 2005.

CONNELL, Raewyn W.; MESSERSCHMIDT, James W. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 241-282, 2013.

De los SANTOS RODRIGUEZ, Shay. Um breve ensaio sobre a masculinidade hegemônica. Revista Diversidade e Educação, v. 7, n. 2, p. 276-291, 2019.

FERNANDES, Alice; NORONHA, Isabela; FRAGA, Lais. O elefante na sala de aula: gênero e CTS para o ensino de Engenharia. Anais dos Encontros Nacionais de Engenharia e Desenvolvimento Social, v. 14, n. 1, 2017.

FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. In: Estratégia, poder-saber. Ditos e escritos IV. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.

HOFSTEIN, Avi; AIKENHEAD, Glen; RIQUARTS, Kurt. Discussions over STS at the fourth IOSTE symposium. International Journal of Science Education, v. 10, n. 4, p. 357-366, 1988.

HUGHES, Gwyneth. Marginalization of Socioscientific Material in Science–Technology–Society Science Curricula: Some Implications for Gender Inclusivity and Curriculum Reform. Journal of Research in Science Teaching, v. 37, n. 5, p. 426–440, 2000.

IDELAND, Malin; MALMBERG, Claes. Body talk: students’ identity construction while discussing a socioscientific issue. Cultural Studies of Science Education, v. 7, p. 279–305, 2012.

JANUÁRIO, Letícia Azevedo; OLIVEIRA, Jussara Ribeiro de; ROCHA, Etiene Siqueira. Perspectiva feminista em programas de pós-graduação CTS: diagnóstico sobre suas limitações. Redes. Revista de Estudios Sociales de la Ciencia y la Tecnología, v. 26, n. 50, p. 53-69, 2020.

KERGOAT, Danièle. O cuidado e as imbricações das relações sociais. In: ABREU, Alice; HIRATA, Helena; LOMBARDI, Maria Rosa (Org.). Gênero e trabalho no Brasil e na França: perspectivas interseccionais. São Paulo: Boitempo, p. 17-26, 2016.

LIMA, Ana Cristina; DE SIQUEIRA, Vera Helena F. Ensino de Gênero e Sexualidade: diálogo com a perspectiva de currículo CTS. Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v. 6, n. 3, p. 151-172, 2013.

LOURO, Guacira L. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, Guacira. L. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, p. 07-34, 2000.

MORGENROTH, Thekla; RYAN, Michelle. Gender Trouble in Social Psychology: How Can Butler’s Work Inform Experimental Social Psychologists’ Conceptualization of Gender? Frontiers in Psychology, v. 9, p. 1-9, 2018.

MUSZKAT, Malvina. O homem subjugado: O dilema das masculinidades no mundo contemporâneo. São Paulo: Summus, 2018.

NICHOLSON, Linda. Interpretando o gênero. Revista Estudos Feministas, v. 8, n. 2, p. 9-41, 2000.

PEREIRA, Juliana. Ser cientista: Tensões entre gênero e ciência. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2011.

PORRO, Silvia; ARANGO, Claudia. A importância da perspectiva do gênero no ensino das ciências na América Latina. In: SANTOS, Wildson; AULER, Décio (Org.). CTS e educação científica: desafios, tendências e resultados de pesquisas. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2011.

POWELL, Kendall; TERRY, Ruth; CHEN, Sophia. How LGBT+ scientists would like to be included and welcomed in STEM workplaces. Nature. v. 586, n. 7831, p. 813-816, 2020.

RODRIGUES, Carla. O pensamento de Judith Butler. Google Drive. Biblioteca Digital Sara Wagner, pasta Judith Butler. Disponível em: <https://drive.google.com/drive/folders/1bwiEvcjF3hZtg1EwunO_gPOw3gJpKp84>. Acesso em: 30 Mar. 2021.

ROSE, Hilary. “Nada menos que metade dos laboratórios”. In: ROSE, Steven; APPIGNANESI, Lisa (Org.). Para uma nova ciência. Lisboa: Gradiva, p. 221-244, 1989.

SALIH, Sara. Judith Butler e a Teoria Queer. 1ª ed., Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.

SANTOS, Wildson Luiz P. Contextualização no ensino de ciências por meio de temas CTS em uma perspectiva crítica. Ciência & Ensino, v. 1, 2008.

SANTOS, Wildson Luiz P.; MORTIMER, Eduardo F. Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem CTS (Ciência-Tecnologia-Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio: Pesquisa em educação em ciências, v. 2, n. 2, p. 1-23, 2000.

SARDENBERG, Cecília. Da crítica feminista à Ciência a uma Ciência Feminista? In: COSTA, Ana Alice; SARDENBERG, Cecília (Org.). Feminismo, Ciência e Tecnologia, v. 8. Bahia: Coleção Bahianas, 2002.

SCOTT, Joan. Gender and the Politics of History. New York: Columbia University Press, p. 28-50, 1988.

SILVA, Lohrene de L. Análise das relações de poder de gênero no Ensino de Ciências proposto pela Base Nacional Comum Curricular sob a perspectiva da Teoria do Patriarcado. 2019. Monografia (Graduação em Licenciatura em Química) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.

SILVA, Luciana; SILVA, Elenita. Masculinidades no contexto escolar: como a temática é abordada em artigos publicados em dossiês de periódicos nacionais. Revista Diversidade e Educação, v.7, n.2, p. 20-44, 2019.

SILVA, Maria José; ARANTES, Adlene S. Questões de gênero e orientação sexual no currículo, a partir da BNCC. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 4.; 2017. Paraíba: Editora Realize, 2017.

SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

SURMANI, Josiane de S.; TORTATO, Cíntia de S. Influência do Estereótipo de Genêro na Ciência, Tecnologia e Sociedade. Revista Mundi Sociais e Humanidades. I Encontro Nacional Interdisciplinar em Ciência, Tecnologia e Sociedade (ENICTS 2019). Edição Especial. Paranaguá, v. 5, n. 1, 2020.

VICENTE, Laila. A sujeição performativamente engendrada: atravessamentos entre os estudos de Judith Butler e os modos de subjetivação em Michel Foucault. Periódicus. Salvador, v. 1, n. 3, p. 85-103, 2015.

Downloads

Publicado

2021-10-05

Como Citar

da Silva, L. de L., Santos, M. A. F. de A., Teixeira, V. G., & da Silva, J. F. M. (2021). NÃO SE NASCE CIENTISTA, TORNA-SE: REFLEXÕES SOBRE A PERFORMATIVIDADE DE GÊNERO ASSOCIADA AO ENSINO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE. Revista Ciências & Ideias ISSN: 2176-1477, 12(3), 146–160. https://doi.org/10.22407/2176-1477/2021.v12i3.1897