FATORES QUE MAIS INFLUENCIAM A PERCEPÇÃO SOBRE EVOLUÇÃO BIOLÓGICA E CRIACIONISMO EM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DO DISTRITO FEDERAL
DOI:
https://doi.org/10.22407/2176-1477/2020.v11i3.1381Palavras-chave:
religião, ciência, ensino de biologia, cuidado parental.Resumo
A evolução biológica é um tema de grande importância no Ensino Médio e também na percepção geral do grande público sobre a origem e diversificação de espécies. No entanto, a disciplina enfrenta grandes desafios para ser compreendida por estudantes, já que sua lógica e raciocínio apresentam divergências com a crença criacionista. Tendo em vista todas as polêmicas ligadas em torno deste tema, o presente artigo teve como objetivo verificar quais as variáveis que mais influenciam a percepção e grau de entendimento de alunos no Ensino Médio sobre os mecanismos e processos subjacentes à evolução biológica. Mais especificamente, nos interessamos em avaliar a influência da crença religiosa dos estudantes e da formação educacional de pais e mães, e como elas estão correlacionadas à percepção sobre evolução nos estudantes. Para isso, foi aplicado um questionário contendo 12 questões em turmas do 3º ano em duas escolas (sendo uma pública e outra particular) do Distrito Federal. Após as análises, os resultados demonstraram que a religião, o tipo de escola e escolaridade de pais e mães foram as variáveis que mais influenciaram no entendimento da biologia evolutiva. Foi também evidenciado que quanto maior a escolaridade dos pais, mais acurado é o conhecimento dos estudantes sobre a teoria evolucionista. Em contrapartida, não houve diferença significativa entre os sexos dos estudantes em suas respostas. Discutimos as possíveis causas e consequências a estes padrões e sugerimos algumas mudanças e posturas necessárias no modo de se ensinar evolução no Brasil. Por fim, salientamos a relevância de se rever e discutir conceitos científicos e biológicos no Ensino Médio, e como transcendê-los para a sociedade, dando especial atenção em não criar conflitos entre o ensino de biologia evolutiva e crenças religiosas.
Referências
ANDREWS, P. Evolution and environment in the Hominoidea. Nature, v.360, ed.6405, p.641-646, 1992.
ANDREWS, P; MARTIN, L. Cladistic relationship of extant and fossil hominoids. Journal of Human Evolution, v. 16, n.1, p.101-118, 1987.
Autor 2. (referência omitida para evitar a identificação dos autores do trabalho).
BARROS, R. P. de; MENDONÇA, R; SANTOS, D. D; QUINTAES, G. Determinantes do Desempenho Educacional no Brasil. Pesquisa e Planejamento Econômico, v.31, n.1, p.1-33, 2001.
BEGUN, D. R; WARD, C. V; ROSE, M. D. Events in hominoid evolution. In: BEGUN, D.R; WARD, C.V; ROSE, M.D (eds.). Function, Phylogeny and Fossils: Miocene Hominoid Evolution and Adaptation. New York: Plenum Publishing Company, 1997. p. 389-415.
BOYD, R; RICHERSON, P. J. Culture and evolutionary process. Chicago: University of Chicago Press, 1985.
BRADLEY, R.H; CONVYN, R.F; BURCHINAL, M; MCADOO, H.P; COLL, C.G. The home environments of children in the United States part II: relations with behavioral development through age thirteen. Child Development, v.72, n.6, p. 1868–1886, 2001.
BRUNET, M; GUY, F; PILBEAM, D; MACKAYE, H.T; LIKIUS, A; AHOUNTA, D; BEAUVILAIN, A; BLONDEL, C; BOCHERENS, H; BOISSERIE, J.R; DE BONIS, L; COPPENS, Y; DEJAX, J; DENYS, C; DURINGER, P; EISENMANN, V; FANONE, G; FRONTY, P; GERAADS, D; LEHMANN, T; LIHOREAU, F; LOUCHART, A; MAHAMAT, A; MERCERON, G; MOUCHELIN, G; OTERO, O; PELAEZ CAMPOMANES, P; PONCE DE LEON, M; RAGE, J.C; SAPANET, M; SCHUSTER, M; SUDRE, J; TASSY, P; VALENTIN, X; VIGNAUD, P; VIRIOT, L; ZAZZO, A; ZOLLIKOFER, C. A new hominid from the upeer Miocene of Chad, central Africa. Nature, v.418, ed.6894, p.145-151, 2002.
CATLEY, K. M. Darwin’s missing link—a novel paradigm for evolution education. Science Education, v.90, n.1, p.767–783, 2006.
CHANGEUX, J.P. Neuronal man. New York: Pantheon, 1985.
CLUTTON-BROCK, T. H. The evolution of parental care. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1991.
COLE, M. Culture in development. In: BORNSTEIN, M.H; LAMB, M.E (Eds.). Developmental psychology: An advanced textbook. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum, 1992. p.731-789.
DARWIN, C. R. On the origin of species by means of natural selection, or the preservation of favoured races in the struggle for life. London: Murray, 1859.
DEMO, P. Escola pública e escola particular: semelhanças de dois imbróglios educacionais. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v.15, n.55, p.181-206, 2007.
DRAPER, P; HARPENDING, H. A sociobiological perspective on human reproductive strategies. In: MACDONALD, K.B (Ed.). Sociobiological perspectives on human development. New York: Springer, 1988. p.340-372.
EL-HANI, C. N; BIZZO, N. Formas de construtivismo: mudança conceitual e construtivismo contextual. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, v.4, n.1, p.1-25, 2002.
EL-HANI, C. N; MORTIMER, E. F. Multicultural education, pragmatism, and the goals of science teaching. Cultural Studies of Science Education. Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia, v.2, n.4, p.657-687, 2007.
EVANS, G.W. The environment of childhood poverty. American Psychologist, v.59, n.2, p.77–92, 2004.
FARAH, M. J; BETANCOURT, G; SHERA, D.M; SAVAGE, J.H; GIANNETTA, J.M; BRODSKY, N.L; MALMUD, E.K; DANO, H. Environmental stimulation, parental nurturance and cognitive development in humans. Dev. Sci., v.11, n.5, p.793–801, 2008.
FREEMAN, S; HERRON, J. C. Análise evolutiva. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
FUTUYMA, D. J. Biologia evolutiva. 2.ed. Ribeirão Preto: SBG, 1992.
GIBBON, A. One scientist’s quest for the origin of our species. Science, v.298, ed.5599, p.1708 -1711, 2002.
GOTELLI, N. J; ELLISON, A. M. Princípios de estatística em ecologia. Porto Alegre: Grupo A Educação S/A, 2011.
GOODMAN, M; BAILEY, W. J; HAYASAKA, K; STANHOPE, M.J; SLIGHTOM, J; CZELUSNIAK, J. Molecular evidence on primate phylogeny from DNA sequence. American Journal of Physical Anthropology, v.94, n.1, p.3-24, 1994.
GOULD, S.J. Pilares do tempo – Ciência e religião na plenitude da vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2002a.
GOULD, S.J. The Structure of Evolutionary Theory. Cambridge: The Belknap Press of Harvard University Press, 2002b.
GROSS, M. R. The Evolution of Parental Care. The Quarterly Review of Biology, v.80, n.1, p.37-45, 2005.
GROVES, C.P. Systematics on of the great apes. In: SWINDLER, D.R; ERWIN, J (eds.). Comparative Primate Biology, 1. Systematics, Evolution and Anatomy. 1.ed. New York: Alan R. Liss, Inc,., 1986. p.187-217.
KELLER, H. Different socialization pathways to adolescence. In: PAPER PRESENTED AT THE 4TH AFRICA REGION INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE STUDY OF BEHAVIORAL DEVELOPMENT CONFERENCE (ISSBD); 1998a, Windhoek/Namibia. Proceedings… Windhoek/Namibia, ISSBD, 1998a.
KELLER, H. The role of development for understanding the biological basis of cultural learning. In: PAPER PRESENTED AT THE SYMPOSIUM, THEORIES OF INDIVIDUAL DEVELOPMENT: DEMARCATING AND INTEGRATING METAPERSPECTIVES; 1998b, Wittenberg, Germany. Proceedings… Wittenberg, Germany, 1998b.
KELLER, H. Human Parent-Child Relationships from an Evolutionary Perspective. American Behavioral Scientist, v.43, n.6, p.957–969, 2000.
LEAKEY, M. G; FEIBEL, C. S; MCDOUGALL, I; WALKER, A. New 4-million-year-old hominid species from Kanapoi and Allia Bay, Kenya. Nature, v.376, ed.6541, p.565-571, 1995.
LIPORINI, T. Q. Concepção dos alunos do Ensino Médio sobre a Evolução Biológica. 2014. Monografia (Especialização em Ensino de Ciências)- Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2014.
MAHNER, M; BUNGE, M. Is religious education compatible with Science Education? Science & Education, v.5, n.2, p.101-123, 1996.
MARTINS, L. A. P. Lamarck e as quatro leis da variação das espécies. Epistéme. Filosofia e História da Ciência em Revista, v.2, n.3, p.33-54, 1997.
MASCARENHAS, S; ALMEIDA, L; BARCA, A. Atribuições causais e rendimento escolar: Impacto da habilitação escolar dos pais e do gênero dos alunos. Revista Portuguesa de Educação, v.18, n.1, p.77-91, 2005.
MAYR, E. Principles of Systematic Zoology. New York: McGraw-Hill, 1991.
MORTIMER, E. F. Studying conceptual evolution in the classroom as conceptual profile change. In: THIRD MISCONCEPTIONS SEMINAR PROCEEDINGS; 1993, Ithaca, NY. Proceedings of the third international seminar on misconceptions and educational strategies in science and mathematics. Ithaca, NY, Universidade Federal de Minas Gerais e University of Leeds, 1993.
MORTIMER, E. F. Conceptual change or conceptual profile change? Science & Education, v.4, n.3, p.265-287, 1995.
MORTIMER, E. F. Linguagem e Formação de Conceitos no Ensino de Ciências. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2000.
OLIVEIRA, G. D. S; BIZZO, N. Aceitação da evolução biológica: atitudes de estudantes do ensino médio de duas regiões brasileiras. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v.11, n.1, p.57-79, 2011.
POZO, J. I; CRESPO, M. A. G. A aprendizagem e ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
R CORE TEAM 2018. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria, 2018. Acesso em 26 dez.,2019, https://www.R-project.org/.
RAO, H; BETANCOURT, L; GIANNETTA, J.M; BRODSKY, N.L; KORCZYKOWSKI, M; AVANTS, B.B; GEE, J.C; WANG, J; HURT, H; DETRE, J.A; FARAH, M.J. Early parental care is important for hippocampal maturation: evidence from brain morphology in humans. NeuroImage, v.49, n.1, p.1144-1150, 2010.
RIDLEY, M. Evolução. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
SANTOS, J. C. Dos; ALVES, L. F. A; CORRÊA, J. J; SILVA, E. R. L. Análise comparativa do conteúdo Filo Mollusca em livro didático e apostilas do ensino médio de Cascavel, Paraná. Ciênc. educ. (Bauru), v.13, n.3, p.311–322, 2007.
SANTOS, S. C. S; TERÁN, A. F; FORSBERG, M. C. S. Analogias em livros didáticos de biologia no ensino de zoologia. Investigações em Ensino de Ciências, v.15, n.3, p.591-603, 2011.
SANTOS, D. L. J. A Palavra ou a Escola? O conflito entre a ciência e a religião na formação da identidade do jovem evangélico no cotidiano escolar. In: ANAIS DOS SIMPÓSIOS DA ABHR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA; 2011, Juiz de Fora. Anais dos simpósios da ABHR. Juiz de Fora, Universidade Federal de Juiz de Fora, 2011.
SEPULVEDA, A. C; EL-HANI, C.N. Quando visões de mundo se encontram: religião e ciência na trajetória de formação de alunos protestantes de uma licenciatura em ciências biológicas. Investigações em Ensino de Ciências, v.9, n.2, p.137-175, 2004.
SMITH, M. U. Current Status of Research in Teaching and Learning Evolution: I. Philosophical/Epistemological Issues. Science & Education, v.19, n.6-8, p.523-538, 2010.
TEIXEIRA, P. Evolução x Criacionismo na escola: quais os objetivos do ensino de biologia?. In: SALES, J. A. M. de; FARIAS, I. M. S. de; LIMA, M. S. L; CAVALCANTE, M. M. D. (org.). Didática e a prática de ensino na relação com a sociedade. Fortaleza, CE: EdUECE, 2015. p.02092- 020102.
VALVA, F. A; DINIZ-FILHO, J. A. F. Histórico do Pensamento Evolucionista. In: CADERNOS DE BIOLOGIA, N.1; 1998, Goiânia, GO. Anais de Mestrado em Biologia. Goiânia, GO, Instituto de Ciências Biológicas/Universidade Federal de Goiás, 1998.
VIEIRA, S. Introdução à bioestatística. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
WATSON, J. D; CRICK, F. H. C. A structure for Deoxyribose Nucleic Acid. Nature, v.171, ed.4356, p.737–738, 1953.
WOOD, B. Hominid revelations from Chad. Nature, v.418, ed.6894, p.133-135, 2002.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Thaís Aparecida Caixeta Maciel, Rodrigo de Mello

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O autor responsável pela submissão representa todos os autores do artigo, e se compromete a enviar como documento suplementar uma carta de consentimento com a assinatura de todos os autores informando que tem a permissão para a submissão do texto assim como assegura que não há violação de direitos autorais e nem qualquer tipo de plágio (incluindo autoplágio).