CORRELAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ALIMENTOS HIPERPALATÁVEIS E A ADICÇÃO POR ALIMENTOS: UM LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A ÚLTIMA DÉCADA

Autores

  • Carolina de Souto Portel
  • Maria Luiza Queiroz Kanafane Ribas
  • Wanessa Pires da Silva
  • Elson Rogério Tavares Filho
  • Mônica Marques Pagani
  • Erick Almeida Esmerino

Resumo

O transtorno de adicção por alimentos tem ganhado destaque com o aumento da prevalência de obesidade e de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). A adicção por alimentos é um fenômeno complexo e multifatorial, representado pelo consumo vicioso e mal-adapativo de alimentos hiperpalatáveis capazes de produzir prejuízos a saúde física e/ou mental do indivíduo. A forte concorrência entre marcas no mercado alimentício tem orientado as indústrias a produzirem alimentos hiperpalatáveis, i.e., capazes de provocar uma resposta hedônica positiva e intensa durante seu consumo. Para isso, é comum que a cadeia de processamento se volte a produção de produtos ricos em açúcares, carboidratos simples, gorduras e sal, com consequente aumento da densidade energética. Este estudo conduziu um levantamento bibliográfico abordando o tema de adicção por alimentos. Foi realizada uma busca por artigos científicos publicados nos últimos dez anos, através das bases de dados eletrônicas: Pubmed, Science Direct e Periódicos Capes. Verificou-se que a adicção por alimentos é fortemente influenciada pela hiperpalatabilidade, que por sua vez, é favorecida pelo ultraprocessamento do produto, principalmente quando este busca o aumentar o teor de açúcares e gorduras. Também foi observado que o consumo de altas concentrações de açúcares promove alterações neurobiológicas semelhantes às observadas no consumo de drogas psicoativas. Neste sentido, recomenda-se que políticas relacionadas à obesidade precisam ir além da retórica da responsabilidade pessoal e aprofundar a multidimensionalidade envolvida nos processos de adicção (dependência) alimentar.

Referências

Ayton, A., & Ibrahim, A. (2020). The Western diet: A blind spot of eating disorder research? - A narrative review and recommendations for treatment and research. Nutrition Reviews, 78(7), 579–596. https://doi.org/10.1093/nutrit/nuz089

Cottone, P., Moore, C. F., Sabino, V., & Koob, G. F. (2019). Compulsive eating behavior and food addiction: Emerging pathological constructs. Compulsive Eating Behavior and Food Addiction: Emerging Pathological Constructs, 1–475. https://doi.org/10.1016/C2017-0-04645-1

Cullen, A. J., Barnett, A., Komesaroff, P. A., Brown, W., O’Brien, K. S., Hall, W., & Carter, A. (2017). A qualitative study of overweight and obese Australians’ views of food addiction. Appetite, 115, 62–70. https://doi.org/10.1016/j.appet.2017.02.013

Filgueiras, A. R., Pires de Almeida, V. B., Koch Nogueira, P. C., Alvares Domene, S. M., Eduardo da Silva, C., Sesso, R., & Sawaya, A. L. (2019). Exploring the consumption of ultra-processed foods and its association with food addiction in overweight children. Appetite, 135, 137–145. https://doi.org/10.1016/j.appet.2018.11.005

Gearhardt, A. N., Grilo, C. M., Dileone, R. J., Brownell, K. D., & Potenza, M. N. (2011). Can food be addictive? Public health and policy implications. Addiction, 106(7), 1208–1212. https://doi.org/10.1111/j.1360-0443.2010.03301.x

Gordon, E. L., Ariel-Donges, A. H., Bauman, V., & Merlo, L. J. (2018). What is the evidence for “food addiction?” A systematic review. Nutrients, 10(4). https://doi.org/10.3390/nu10040477

Lennerz, B., & Lennerz, J. K. (2018). Food addiction, high-glycemic-index carbohydrates, and obesity. Clinical Chemistry, 64(1), 64–71. https://doi.org/10.1373/clinchem.2017.273532

Llewellyn, C. H. (2018). Genetic susceptibility to the “obesogenic” environment: The role of eating behavior in obesity and an appetite for change. American Journal of Clinical Nutrition, 108(3), 429–430. https://doi.org/10.1093/ajcn/nqy210

Long, C. G., Blundell, J. E., & Finlayson, G. (2015). A Systematic Review of the Application and Correlates of YFAS-Diagnosed “Food Addiction” in Humans: Are Eating-Related “Addictions” a Cause for Concern or Empty Concepts? Obesity Facts, 8(6), 386–401. https://doi.org/10.1159/000442403

Meule, A. (2015). Back by popular demand: A narrative review on the history of food addiction research. Yale Journal of Biology and Medicine, 88(3), 295–302. https://doi.org/10.5281/zenodo.48115

Monteiro, C. A., Moubarac, J. C., Cannon, G., Ng, S. W., & Popkin, B. (2013). Ultra-processed products are becoming dominant in the global food system. Obesity Reviews, 14(S2), 21–28. https://doi.org/10.1111/obr.12107

Monteiro, Carlos A., Cannon, G., Levy, R. B., Moubarac, J. C., Louzada, M. L. C., Rauber, F., Khandpur, N., Cediel, G., Neri, D., Martinez-Steele, E., Baraldi, L. G., & Jaime, P. C. (2019). Ultra-processed foods: What they are and how to identify them. Public Health Nutrition, 22(5), 936–941. https://doi.org/10.1017/S1368980018003762

Monteiro, Carlos Augusto, Moubarac, J. C., Levy, R. B., Canella, D. S., Da Costa Louzada, M. L., & Cannon, G. (2018). Household availability of ultra-processed foods and obesity in nineteen European countries. Public Health Nutrition, 21(1), 18–26. https://doi.org/10.1017/S1368980017001379

Nunes-Neto, P. ., C.A., K., F.B., S., M., S., J., Q., M., M., A., M., E., V., R.S., M., S.L., M., A.N., G., B., S., & A.F., C. (2018). Food addiction: Prevalence, psychopathological correlates and associations with quality of life in a large sample. Journal of Psychiatric Research, 96, 145–152. http://www.embase.com/search/results?subaction=viewrecord&from=export&id=L618762228%0Ahttp://dx.doi.org/10.1016/j.jpsychires.2017.10.003

Pursey, K. M., Davis, C., & Burrows, T. L. (2017). Nutritional Aspects of Food Addiction. Current Addiction Reports, 4(2), 142–150. https://doi.org/10.1007/s40429-017-0139-x

Schulte, E. M., Avena, N. M., & Gearhardt, A. N. (2015). Which foods may be addictive? The roles of processing, fat content, and glycemic load. PLoS ONE, 10(2). https://doi.org/10.1371/journal.pone.0117959

Sethi Dalai, S., Sinha, A., & Gearhardt, A. N. (2020). Low carbohydrate ketogenic therapy as a metabolic treatment for binge eating and ultraprocessed food addiction. Current Opinion in Endocrinology, Diabetes, and Obesity, 27(5), 275–282. https://doi.org/10.1097/MED.0000000000000571

Westwater, M. L., Fletcher, P. C., & Ziauddeen, H. (2016). Sugar addiction: the state of the science. European Journal of Nutrition, 55, 55–69. https://doi.org/10.1007/s00394-016-1229-6

Downloads

Publicado

2021-01-20

Edição

Seção

Análise Sensorial e Estudos do Consumidor