DUALIDADES NO ENSINO DE GENÉTICA: QUE LUGAR OCUPAM OS DISCURSOS SOCIOCIENTÍFICOS EM UMA COLEÇÃO DIDÁTICA DE BIOLOGIA?
DOI:
https://doi.org/10.22407/2176-1477/2021.v12i4.1610Palavras-chave:
ensino de Genética, Análise de Discurso, livro didático, Biologia Moderna, relações CTS.Resumo
Assumindo que há as dualidades no discurso científico e tecnológico, bem como relações de poder que se fazem persuasivas na história e na constituição da Ciência, nesse trabalho tecemos reflexões sobre as tipologias discursivas presentes em um dos materiais mais utilizados no âmbito do ensino, a saber, o livro didático. Mobilizamos noções e princípios da Análise de Discurso, na vertente idealizada por Michel Pêcheux na França, e difundida no Brasil por Eni Orlandi. Ao analisarmos uma coleção didática aprovada pelo PNLD de 2015, que teve ampla distribuição nacional, observamos que, entre as regularidades discursivas, o texto do livro didático ora filia-se a um discurso neutro/objetivo, ora filia-se a discursos que estão relacionados às questões socialmente relevantes. Através da observação dos mecanismos de antecipação, dos silenciamentos e das relações de força, nota-se que nesses textos há a intencionalidade de estabilização de sentidos. Todavia, notamos também que há a possibilidade de outras formas de interpretação, e que, em certa medida, há sentidos que se desvinculam da ilusória neutralidade científica. Nossos resultados apontam que, entre os discursos presentes no livro didático, podemos observar: a) o discurso de (educação em) saúde; b) o discurso (bio)tecnológico; c) o discurso (socio)ambiental; d) o discurso tecnocrático; e) as controvérsias entre o discurso salvacionista e o discurso sociocientífico. A partir das observações da coleção didática analisada, apontamos que (o ensino das) questões contemporâneas de/sobre Ciências/Biologia necessitam de outros olhares que possam dar foco às relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade, abrindo margens para o posicionamento e a autonomia dos sujeitos.
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