INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO E POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS PARA NEGROS E INDÍGENAS: RESPONSABILIDADES E COMPATIBILIDADES

Autores

  • Aislan Vieira de Melo IFMS
  • Anderson Martins Correa IFMS

DOI:

https://doi.org/10.22407/2176-1477/2020.v11i1.1131

Palavras-chave:

Políticas de ação afirmativa, Educação profissional e tecnológica, Lei 12.711/2012

Resumo

A Lei nº 12.711/2012 estabelece reserva de vagas nas instituições federais de ensino a partir de um recorte econômico e étnico-racial e é percebida pela sociedade em geral de maneira pejorativa, ou seja, como sendo um benefício para algumas pessoas em detrimento de outras. Buscando desconstruir esta visão negativa, o presente artigo pretende demonstrar que, para além de simplesmente obedecer a um instrumento jurídico, existe uma compatibilidade entre o conceito e os objetivos das ações afirmativas de recorte étnico-racial e os objetivos e o conceito dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. O pressuposto, portanto, é o de que as ações afirmativas e os Institutos Federais de Educação compartilham da premissa de possibilitar acesso aos recursos sociais e simbólicos para os integrantes de grupos que, devido às discriminações institucionais ou individuais que enfrentam(ram), têm (tiveram) o acesso a tais recursos dificultada. O principal argumento aqui defendido é o de que, para cumprirem seu objetivo de contribuir para o desenvolvimento da região onde estão localizados, os Institutos Federais precisam observar o modo como incluir os grupos que historicamente foram alijados dos processos de construção da nação, especificamente negros e indígenas.

Biografia do Autor

Aislan Vieira de Melo, IFMS

Possui graduação (2001) e Mestrado (2004) em Ciências Sociais, ambos, pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP e, atualmente, cursa Doutorado em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro Oeste (UFMS). Desde 2011 atua como professor de Sociologia do IFMS (campus Campo Grande). Trabalha temáticas relacionadas com: religião e religiosidade, populações afro-brasileiras, comunidades tradicionais, direitos humanos, racismo, relações raciais, questão ambiental, ciência/tecnologia/sociedade, antropologia da saúde, ciência contemplativa (meditação), práticas integrativas e complementares na saúde, políticas públicas.

Anderson Martins Correa, IFMS

Possui graduação em Matemática-Licenciatura Plena pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Pós-Graduação Lato Sensu em Organização do Trabalho Pedagógico, em Educação Matemática, do Professor das Séries Iniciais do Ensino Fundamental pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP). Mestre em Educação Matemática pela UFMS. Doutorando em Educação na UFMS. Atuou como Técnico em Matemática da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande-MS, desempenhando a função de professor formador e de professor responsável pela elaboração do referencial curricular de Matemática das séries iniciais e finais do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino, bem como, professor responsável pela emissão de parecer em materiais didáticos e técnicos enviados à Secretaria Municipal de Educação desta cidade, relativos à área de Matemática. Atualmente é Professor efetivo do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul e Professor colaborador no curso de Matemática EaD da UFMS. Professor desde 1998 quando ingressou na UFMS, tendo atuado no Ensino Fundamental, Médio e Superior, nas redes públicas, estadual e municipal, e particular de ensino. Tem como linha de pesquisa a Formação de Professores, pesquisando os Significados Fenomenológicos da Orientação Pedagógica para o ensino fundamental de Geometria

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Publicado

2020-04-28

Edição

Seção

Artigos Científicos