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Nasal em coda medial: influência do conhecimento fonológico na escrita infantil

Autores

Palavras-chave:

Nasalidade. Escrita Inicial. Conhecimento Fonológico.

Resumo

Este artigo analisa a representação da nasal em coda medial, (presente em palavras como ponta, assunto e planta) na produção escrita de crianças do Ensino Fundamental. A nasal em coda envolve a discussão presente na Fonologia referente à interpretação monofonêmica ou bifonêmica da nasalidade vocálica (LEITE, 1974; CAMARA, 1953). Além disso, estudos anteriores evidenciam a não correlação entre aquisição da coda nasal medial na oralidade e sua respectiva aprendizagem na escrita (MEZZOMO, 2004; MIRANDA, 2009). Os objetivos do presente trabalho são: i) analisar as diferentes representações da nasal em coda medial na escrita de alunos do Ensino Fundamental; ii) verificar a relação da representação da nasal com a aquisição fonológica dessa estrutura silábica, e iii) seria capaz de apontar caminhos para corroborar ou não uma visão mono e/ou bifonêmica da nasalidade vocálica. Parte-se da hipótese de que o conhecimento fonológico internalizado e as regras da oralidade influenciam as etapas da escrita infantil. Estudos fonológicos de base estruturalista e gerativista sustentam a pesquisa. O corpus constitui-se de produções escritas de aprendizes do 1º ao 6º ano do Ensino Fundamental de escolas públicas do município do Rio de Janeiro e de Niterói. Os resultados, que evidenciam a interferência do conhecimento fonológico e da oralidade na representação da coda nasal, reabrem a discussão sobre o status da nasalidade fonológica e fornecem subsídios para a compreensão adequada dos erros de escrita.

Biografia do Autor

Déborah Cristina Pereira de Souza, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Atualmente cursando Mestrado em Letras Vernáculas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Eliete Figueira Batista da Silveira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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2020-06-19

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Artigo