AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA FARMACOTERAPIA DE PACIENTES DE SAÚDE MENTAL
Resumo
Em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan na China, surgiu um surto de pneumonia de causa desconhecida, identificada posteriormente pelo patógeno SARS-CoV-2, novo tipo de coronavírus capaz de provocar quadros graves de doenças respiratórias (Covid-19). A pandemia impõe muitos desafios à prática clínica. Com o isolamento social, os atendimentos em saúde tiveram mudanças, desde consultas médicas, exames laboratoriais, tratamentos hospitalares e terapêuticos e dispensação de medicamentos em farmácias e postos de saúde, exigindo adaptação nos protocolos de assistência. Diante do cenário de transformações e incertezas na área da saúde, vislumbramos com esse trabalho contribuir com informações científicas relevantes acerca da farmacoterapia e apontar novas estratégias de atenção farmacêutica que cooperem para a redução do avanço da pandemia e a vulnerabilidade observada em pacientes com transtornos mentais. Para a realização desse estudo, de natureza descritiva e abordagem qualitativa, foram considerados os medicamentos comumente prescritos na farmacoterapia dos transtornos mentais e suas possíveis interações com os medicamentos utilizados nos sintomas da Covid-19 e/ou com bebidas alcóolicas. A RDC n° 357/20, que altera a Portaria n° 344/98, também foi analisada neste estudo. Ela aumenta a quantidade de psicofármacos dispensados, podendo aumentar a possibilidade de intoxicações. Diante das inúmeras interações medicamentosas relatadas que podem ocorrer devido ao uso de psicofármacos associados com os medicamentos usados para tratar os sintomas da Covid-19, observa-se uma maior necessidade de cuidado mais efetivo aos portadores de transtornos mentais quando infectados pela Covid-19. A atenção farmacêutica exerce papel importante no cuidado desses pacientes devido ao aumento da exposição ao risco de complicações terapêuticas. É dever do profissional farmacêutico avaliar a prescrição com psicofármacos e, se preciso, intervir e apontar ao paciente e/ou a equipe de saúde as possíveis interações e os riscos com o uso indiscriminado de medicamentos para o tratamento da Covid-19.