ETNOGRAFIA VIRTUAL DE UMA POSTAGEM NO REDDIT SOBRE A ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE DO MUNDO DE THE LEGEND OF ZELDA: TEARS OF THE KINGDOM

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22407/2176-1477/2025.v16.2651

Palavras-chave:

Antropologia Digital, Etnografia Virtual, Bakhtin, Jogos Digitais, Reddit

Resumo

O presente artigo é um estudo sobre a repercussão online de uma postagem em uma subcomunidade do Reddit no qual é divulgado o cálculo da aceleração da gravidade do mundo fictício de Hyrule no qual se passa a franquia de jogos digitais The Legend of Zelda. Assim, seguindo as práticas de uma etnografia virtual com base nos princípios da antropologia digital, utilizamo-nos de fontes como os enunciados materializados na postagem original. Com isso, buscamos analisar, através da filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin, os discursos materializados em artefatos culturais de uma comunidade virtual que surgem a partir de algo fundamentalmente relacionado à pesquisa em educação em ciências e do ensino de física: enunciados sobre conteúdos científicos como expressões matemáticas (como a relação velocidade terminal e densidade de um fluido) e variáveis físicas (como comprimento, distância e velocidade). Buscamos analisar especificamente aquilo que apresenta potencial de engajar outros sujeitos a explorar a física – seus conceitos, fórmulas e teorias – de outros jogos digitais a partir de uma perspectiva crítica, mas criativa e preocupada com o potencial educacional de atividades lúdicas. Como resultado, destacamos como, para que um elemento discursivo relacionados às ciências repercuta a partir de um jogo digital, não basta apenas uma jogabilidade engajante, mas é necessário um ambiente favorável a análises críticas que andem lado-a-lado com as dimensões lúdica, científica e educacional que o jogo tem o potencial de apresentar.

Referências

ALVES, D. F. S.; SILVA, J. F. M. Jogos digitais: uma revisão sobre definições, fundamentos e aplicações no ensino de ciências. Revista Eletrônica Ludus Scientiae, v. 4, n. 1, p. 14-14, 2020.

ADORNO, T. W. L’industrie culturelle. Communications, v. 3, n. 1, p. 12-18, 1964.

ADORNO, T. W. Resumo sobre a indústria cultural. 2018. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/adorno/1963/04/04.htm.

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. São Paulo: Editora 34, 2016.

BARBOSA, R. G.; BATISTA, I. L. Vygotsky: Um referencial para analisar a aprendizagem e a criatividade no ensino da física. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 18, n. 1, p. 49-67, 2018.

BOSBOOM, J.; BRUNNER, J.; COULOMBE, M.; DEMAINE, E. D.; HENDRICKSON, D. H.; LYNCH, J.; NAJT, E. The Legend of Zelda: the complexity of mechanics. 2022. Disponível em: https://arxiv.org/abs/2203.17167. Acesso: 14 de dezembro de 2023.

BOŠNJAK, D. Zelda: Tears of the Kingdom fan makes surprising physics discovery. 2023. Disponível em: https://gamerant.com/zelda-tears-of-the-kingdom-fan-physics-discovery-gravity/. Acesso: 19 de janeiro de 2024.

BONILLA, Y.; ROSA, J. #Ferguson: Digital protest, hashtag ethnography, and the racial politics of social media in the United States: #Ferguson. American Ethnologist, v. 42, n. 1, p. 4-17, 2015.

BRADFORD, W. J. Exploring the narrative implications of emerging topics in The Legend of Zelda. Journal of Sound and Music in Games, v. 1, n. 4, p. 1-21, 2020.

CANAVAN, G. The Legend of Zelda in the Anthropocene. Paradoxa, v. 31, p. 145-170, 2019.

CHEE, E. How Nintendo became one of the world’s largest electronic game companies: the secret of success. Academy of Asian Business Review, v. 6, n. 2, p. 55-80, 2020.

CORLISS, J. Introduction: the social science study of video games. Games and Culture, v. 6, n. 1, p. 3-16, 2011.

COTE, A. C.; HARRIS, B. C. The cruel optimism of "good crunch”: How game industry discourses perpetuate unsustainable labor practices. New Media & Society, v. 25, n. 3, p. 609-627, 2023.

FLANAGAN, M.; NISSENBAUM, H. Values at play in digital games. Cambridge: The MIT Press, 2014.

GEISMAR, H.; KNOX, H. (org.). Digital anthropology. London: Routledge, 2021.

GIGLIETTO, F.; ROSSI, L.; BENNATO, D. The open laboratory: limits and possibilities of using Facebook, Twitter, and YouTube as a research data source. Journal of Technology in Human Services, v. 30, n. 3-4, p. 145-159, 2012.

HINE, C. Virtual ethnography. London: SAGE, 2000.

HORST, H. A.; MILLER, D. (org.). Digital anthropology. London: Berg, 2012.

JAMMER, M. The philosophy of quantum mechanics: the interpretations of quantum mechanics in historial perspective. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1974.

JOHNSON, M. R.; BROCK, T. The ‘gambling turn’ in digital game monetization. Journal of Gaming & Virtual Worlds, v. 12, n. 2, p. 145-163, 2020.

KEOGH, B. From aggressively formalised to intensely in/formalised: accounting for a wider range of videogame development practices. Creative Industries Journal, v. 12, n. 1, p. 14-33, 2019.

LEMOS, A.; LEVY, P. O futuro da internet: Em direção a uma ciberdemocracia planetária. São Paulo: ‎Paulus Editora, 2010.

LEVY, P. Collective intelligence: Mankind’s emerging world in cyberspace. Cambridge: Basic Books, 1999.

LIMA, F. R. R. Pêndulo simples - um método simples e eficiente para determinar g: uma solução para o ensino médio. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 1, n. 1, p. 26-29, 1984.

LIMA, N. W.; NASCIMENTO, M. M.; OSTERMANN, F.; CAVALCANTI, C. J. H. A teoria do enunciado concreto e a interpretação metalinguística: bases filosóficas, reflexões metodológicas e aplicações para os estudos das ciências e para a pesquisa em educação em ciências. Investigações em Ensino de Ciências, v. 24, n. 3, p. 258, 2019.

LIMA, A. L. P.; REZENDE, F. A. M.; MARTINS, L. P.; GONÇALVES, D. F.; SOARES, M. H. F. B. Game over: ausência de discussões sobre feminismos e mulheres na ciência no campo dos jogos e nos principais eventos de ensino de química/ciências. Revista Eletrônica Ludus Scientiae, v. 6, 2022.

LOWOOD, H. Game studies now, history of science then. Games and Culture, v. 1, n. 1, p. 78–82, 2006.

NICOLAMARIA, F. Innovation in the video game industry: the role of Nintendo. 2020. Master’s Thesis - Luiss Guido Carli, Roma, 2020.

NORMAN ADAMS, N. ‘Scraping’ Reddit posts for academic research? Addressing some blurred lines of consent in growing internet-based research trend during the time of Covid-19. International Journal of Social Research Methodology, p. 1-16, 2022.

PEREIRA, A. P.; OSTERMANN, F. A aproximação sociocultural à mente, de James V. Wertsch, e implicações para a educação em ciências. Ciência & Educação (Bauru), v. 18, n. 1, p. 23-39, 2012.

PLOTHE, T. The princess doesn’t leave the castle: How nintendo’s wiiware imprisons indie game design. In: CONWAY, S.; DEWINTER, J. (org.). Video game policy: production, distribution, and consumption. 1. ed. London: Routledge, 2015. p. 42–53.

PROM, N. The Legend of Zelda and the portrayal of women in gaming history. Journal of Student Research, v. 9, n. 1, 2020.

PUGH, T. The queer narrativity of the hero’s journey in Nintendo’s the legend of Zelda video games. Journal of Narrative Theory, v. 48, n. 2, p. 225-251, 2018.

SILVEIRA, F. L. Velocidade das pedras de granizo - Hailstone speed. 2015. Disponível em: http://rgdoi.net/10.13140/RG.2.2.33619.94245. Acesso: 31 de janeiro de 2024.

SX GROUP; GO GAMERS. Pesquisa Game Brasil (PGB) 2023. São Paulo: SX Group, 2023.

VAN ROOIJ, A. J. et al. Video game addiction and social responsibility. Addiction Research & Theory, v. 18, n. 5, p. 489-493, 2010.

VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Editora 34, 2018.

VYGOTSKY, L. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

WERSCH, J. V. Voices of the mind: a sociocultural approach to mediated action. Cambridge: Harvard University Press, 1991.

Downloads

Publicado

2025-04-03

Como Citar

Pigozzo, D. (2025). ETNOGRAFIA VIRTUAL DE UMA POSTAGEM NO REDDIT SOBRE A ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE DO MUNDO DE THE LEGEND OF ZELDA: TEARS OF THE KINGDOM. Revista Ciências & Ideias ISSN: 2176-1477, 16(1), e25162651. https://doi.org/10.22407/2176-1477/2025.v16.2651

Edição

Seção

Artigo Científico